Três pontos positivos e negativos dos três anos da ViaMobilidade à frente das linhas 8 e 9

ViaMobilidade completa três anos de operação (Jean Carlos)
ViaMobilidade completa três anos de operação (Jean Carlos)

Na segunda-feira, 27, a concessionária ViaMobilidade completou três anos à frente da operação nas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda. Ao longo deste período em que foi responsável pela gestão das linhas, algumas mudanças ocorreram.

Apesar da promessa de investimentos ter sido realizada em parte, dado o andamento natural do contrato, alguns aspectos deixaram a desejar e ainda são um dos principais pontos de cautela da concessionária. O site listou três pontos positivos e três aspectos negativos que rondam a operação.

Pontos positivos

Novos trens

Sem sombra de dúvidas, um dos principais investimentos na concessão das linhas 8 e 9 foi a aquisição de 36 novos trens da empresa francesa Alstom.

Essa encomenda estava planejada para ocorrer durante o período de gestão da CPTM, mas foi repassada para a concessionária. A ViaMobilidade contará com 55 trens da frota própria, sendo 19 trens da Série 7000 que entraram em serviço em 2010 e 36 trens que entraram em serviço a partir de 2023.

A frota da empresa é uma das mais novas da rede, com idade média de 6,5 anos. Os trens novos trazem consigo portas mais largas, salão contínuo e sistemas mais modernos.

Trem na plataforma 2
Trem na plataforma 2 de Varginha (Jean Carlos)

Próximo Trem

O sistema Próximo Trem foi outro avanço importante implantado pela concessionária. Ao longo de cada estação gerida pela empresa consta um QR Code. Quando escaneado o passageiro tem acesso ao sistema que permite a visualização da localização do próximo trem.

Essa melhoria veio acompanhada da oferta de wi-fi gratuito nas estações, permitindo que os passageiros sem dados móveis também possam usufruir do sistema, bem como obter fontes de entretenimento ao longo do seu tempo de espera nas plataformas

QR Code do aplicativo "Próximo Trem" (Jean Carlos)
QR Code do aplicativo “Próximo Trem” (Jean Carlos)

Oficina de truques

A oficina de truques é um dos empreendimentos de manutenção implantados pela ViaMobilidade no Pátio Presidente Altino.

O investimento realizado pela concessionária não é obrigatório, sendo uma iniciativa do Grupo CCR para aprimorar seus serviços de manutenção em componentes vitais para a locomoção dos trens.

Esta oficina é dotada de equipamentos de alta tecnologia para os mais variados usos. A unidade, que mais se assemelha a uma fábrica, pode realizar a revisão completa do truque ferroviário e de todos os seus componentes, podendo, inclusive, atender as demandas de outras empresas.

Nova oficina de truques da ViaMobilidade (Jean Carlos)
Nova oficina de truques da ViaMobilidade (Jean Carlos)

Pontos Negativos

Apesar da empresa apresentar avanços, alguns fatos geram questionamentos e reclamações por parte dos passageiros. Alguns deles impactam diretamente a prestação de serviços.

Atrasos em empreendimentos

Um ponto importante é o atraso na entrega de diversos empreendimentos. A compra dos 36 novos trens foi finalizada com quase um ano de atraso em relação ao cronograma original.

As estações da Linha 8-Diamante que precisam de reformas estão com obras atrasadas. Alguns casos são as melhorias em Lapa, Imperatriz Leopoldina e Comandante Sampaio que tiveram suas obras paralisadas ao longo de sua execução.

Passarela da estação Lapa da Linha 8-Diamante foi instalada (ViaMobilidade)
Passarela da estação Lapa da Linha 8-Diamante foi instalada (ViaMobilidade)

Percepção de piora e falhas

A percepção de queda na qualidade do serviço sentida pelos passageiros é um dos principais pontos de reclamação da concessionária. Trens superlotados e com falhas de ar condicionado são relatadas com certa frequência.

Isso se soma a ocorrências de segurança com o aumento do número de marreteiros, pingentes ferroviários e eventos de manutenção com presença de esfumaçamento dos trens.

No começo da concessão eram frequentes ocorrências de descarrilamento. Apesar de tais incidentes terem se tornado menos frequentes, falhas de menor porte em geral são corriqueiras.

Para o passageiro o sentimento é de insatisfação, dado comprovado através de pesquisas de opinião realizadas semestralmente pela concessionária.

Manutenção de rede aérea durante a falha (Jean Carlos)
Manutenção de rede aérea durante a falha (Jean Carlos)

Rotatividade elevada

Apesar deste ser um aspecto interno da empresa, sua repercussão é clara e visível no ambiente externo. Um dos pontos que este site chegou a abordar no começo da concessão é o fator humano.

Um dos exemplos é o constante recrutamento de operadores de trens pela empresa. Mesmo passados três anos ainda ocorrem vários desligamentos de funcionários em cargos de operação, seja a pedido da empresa ou do funcionários, segundo relatos.

Diferentemente de áreas do setor rodoviário, onde existe a ampla formação de condutores, no setor ferroviário esta formação é exclusiva da empresa operadora. Portanto é muito raro encontrar pessoas plenamente capacitadas no mercado.

A consequência na operação prática pode ser a maior incidência de erros durante a operação comercial. Nada que não possa ser sanado com treinamento e prática, mas é preciso focar na retenção destes profissionais.

Outro ponto que também gera cautela é a baixa quantidade de agentes de segurança em algumas estações, sobretudo da Linha 8-Diamante. A maior presença destes profissionais poderia melhorar vários indicadores de atendimento.

Conclusão

Ainda reverbera nos dias atuais o processo atabalhoado de transição e gestão das linhas de trens metropolitanos. O que deveria ser algo fácil, já que eram as melhorias linhas de uma empresa estatal, tornou-se caótico e de difícil manejo.

As linhas em geral não estão em estado caótico como ocorreu há anos atrás, mas ainda não é tempo e não há tantos motivos para comemorar. É necessário muito trabalho para restaurar o serviço ao patamar prometido pela concessão.

Acima, o esquema do viaduto divulgado pela ViaMobilidade e abaixo um infográfico produzido pelo MetrôCPTM anteriormente
Acima, o esquema do viaduto divulgado pela ViaMobilidade e abaixo um infográfico produzido pelo MetrôCPTM anteriormente (VM e MetrôCPTM)

Diante disso será necessário fazer o ‘arroz com feijão’, ou seja, o básico. Uma revisão bem feita nos trens, a recapacitação do sistema de energia e a automatização do sistema de sinalização.

O governo de São Paulo sinaliza por melhorias futuras nas linhas 8 e 9, o que é uma boa notícia para os passageiros. Entretanto, o sucesso da concessão dependerá unicamente das pessoas que a coordenam, sobretudo aquelas do alto escalão.

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