Foi no dia 6 de outubro de 2020 que a Acciona, construtora espanhola que já atuava no Brasil em projetos menores, assinou o contrato em que substituía a Move São Paulo, concessionária original da Linha 6-Laranja do Metrô.
A entrada dos espanhois no projeto ocorreu após três anos de idas e vindas no projeto e que quase acabou sendo anulado antes que a Acciona chegasse a um acordo com os donos da Move, as empresas Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC, todas elas afetadas gravemente pela operação Lava-Jato.
Um ano depois, o que parecia algo difícil de acreditar está de fato acontecendo: a obra do ramal de 15,3 km e 15 estações teve quase todos os canteiros reativados e alguns deles já atingem etapas avançadas do projeto e que devem culminar em 2021 com o início das escavações dos túneis pela tuneladora sul – e que, segundo rumores, pode entrar em operação em novembro, antes do previsto.
O andamento dos trabalhos causa espanto porque está a cargo de apenas uma construtora. Embora a Acciona seja uma empresa experiente e que já realizou empreendimentos desse porte, trata-se de algo pouco comum no Brasil, mais acostumado a dividir projetos dessa magnitude com vários grupos.
Para marcar esse primeiro ano de trabalho, dos cinco previstos até a inauguração, o site preparou um resumo das obras nas 15 estações, pátio e alguns poços de ventilação mais significativos. Para isso conta com a ajuda inestimável do canal iTechdrones, que tem mostrado o andamento da obra de forma constante e em tempo recorde, algo que nem o próprio governo tem conseguido. Confira:

Pátio Morro Grande
O imenso pátio que fará a manutenção dos trens e também servirá como local do Centro de Controle Operacional (CCO) da linha impressiona. A Acciona tem retirado toneladas de rochas e terra da área, onde ficava uma antiga pedreira. Imagem desta semana do iTechdrones revela que a empresa já iniciou a terraplanagem de onde ficarão os trilhos de estacionamento e prédios de apoio do complexo. E pensar que há um ano essa área era apenas um enorme lago.

Estação Brasilândia
Estação terminal norte da linha, Brasilândia já exibe uma atividade bastante intensa. O iTechdrones sobrevoou o canteiro, que já exibe um poço retangular em parte do terreno enquanto máquinas e funcionários preparam armações de aço para concretar as paredes da futura parada que terá 32 metros de profundidade.

Estação Vila Cardoso
A segunda parada da linha já conta com a vala guia que será usada para a escavação e concretagem das paredes da estação. Ela é vizinha do Hospital Municipal de Vila Brasilândia e as obras dependiam da mudança de um sacolão para um prédio vizinho para que o canteiro fosse liberado.

Estação Itaberaba – Hospital Vila Penteado
Uma das mais profundas estações da Linha 6, com 68 metros, Itaberaba tem visto uma grande movimentação de funcionários nos últimos três meses. Trata-se de outra parada vizinha de um hospital, o Vila Penteado, que também foi incorporado ao seu nome.

Estação João Paulo I
Uma das poucas estações cujas escavações foram iniciadas pela Move São Paulo. Por serem localizadas numa região rochosa, o avanço tem sido feito por meio de detonações controladas. Imagens do mês passado mostram que há bastante a fazer no local, cujo poço terá 44 metros de profundidade. João Paulo I será a segunda parada da tuneladora norte, que começará a escavar no início de 2022.

Estação Freguesia do Ó
Primeira parada do ‘tatuzão’ que escavará em direção à Brasilândia, a estação Freguesia do Ó é uma das mais adiantadas da obra. Segundo a Acciona, ela já havia atingido uma evolução de 9,72% do cronograma, mas a empresa não diz quando a informação foi atualizada. Por conta de uma cobertura sobre o poço, é difícil visualizar o estágio de escavação, que também utiliza explosivos para remover as rochas.
VSE Tietê
O canteiro de obras na Marginal Tietê já é célebre na Linha 6. É nele que estão por enquanto os dois ‘shields’ que escavarão a maior parte dos 15 km de túneis. A tuneladora sul já está assentada no fundo do poço sendo montada para iniciar os trabalhos em direção à São Joaquim. A Acciona tem fornecido previsões variadas, entre dezembro e janeiro de 2022 para que imensa máquina comece a avançar, mas rumores recentes indicam que o cronograma teria sido adiantado para o mês que vem, o que será uma ótima notícia caso seja confirmada.

SE Aquinos
Eis um dos canteiros mais adiantados da obra. Localizado do outro lado do Rio Tietê, o poço já conta com revestimento final em boa parte das paredes e está sendo usado como emboque para dois túneis, um de estacionamento, que já teria ultrapassado metade do percurso, e outro no sentido sul, que abrigará os AMVs para direcionar os trens para o túnel principal e o auxiliar.

Estação Santa Marina
Localizada em frente à Praça Dr. Pedro Corazza, a estação Santa Marina será a primeira a receber a visita de um tatuzão. Por isso a Acciona optou por utilizar um método de escavação que, embora mais caro, consegue evoluir mais rápido, o VCA invertido. Nesse método, as paredes do poço retangular são concretadas, mas em vez de iniciar a escavação, a empresa concretou uma laje na superfície. Após isso, graças a um acesso lateral está sendo possível retirar terra sem a necessidade de aplicar tirantes para manter a estrutura segura. No sobrevoo mais recente, a estação já estava no segundo piso subterrâneo, mostrando que a estratégia está funcionando.

Estação Água Branca
Essa é uma das três estações de interligação com o restante da malha metroferroviária. E será bem importante porque ali a Linha 6 se conectará com a Linha 7-Rubi, atualmente da CPTM, mas que será concedida junto com o Trem Intercidades, e também com a Linha 8-Diamante, que hoje não possui parada no local. A obra principal consiste de dois poços circulares, um dos quais está bem profundo – a cota a ser atingida é de 44 metros.

Estação SESC-Pompéia
Bem ao lado do equpamento cultural que herdou em seu nome, a estação SESC-Pompéia está numa etapa inicial de trabalhos após os terrenos terem sido limpos nos últimos meses. A Acciona já demarcou a área de escavação da Vala a Céu Aberto, como mostrou o iTechdrones há duas semanas. Quando pronta, ela atenderá uma grande demanda do seu entorno cheio de atrações – além do SESC há também o Shoppingo Bourbon o e Allianz Parque, para citar três exemplos.

Estação Perdizes
Sendo construída em frente à avenida Sumaré, a estação Perdizes também poderá atender ao público da arena do Palmeiras, mas também o Parque da Água Branca, entre outros pontos de interesse. Ela será escavada pelo método VCA cujas paredes-guia já foram preparadas, segundo imagens de duas semanas atrás.

Estação PUC – Cardoso de Almeida
Se Perdizes ficará numa região no fundo de um vale, PUC – Cardoso de Almeida estará no alto de um morro, o que significa uma profundidade de 61 metros, mais do que o dobro da sua vizinha. Além de ser vizinha da famosa faculdade, a estação será construída em meio a edifícios e por isso seu método é o NATM.

VSE Pacaembu
Esse é o canteiro mais adiantado da Linha 6-Laranja. Além de servir como poço de ventilação, o local abrigará um segundo estacionamento de trens de estratégia. A Acciona já concretou a laje de fundo do poço e está iniciando a escavação do túnel em NATM. Segundo ela, 29% dos trabalhos haviam sido atingidos recentemente.

Estação FAAP-Pacaembu
Recentemente rebatizada, a estação FAAP-Pacaembu ainda não apresenta movimento nos três terrenos que serão utilizados. Apesar de pouca coisa ter avançado em um ano, ainda há tempo hábil para que o canteiro atinja o ponto em que será capaz de receber o tatuzão nos próximos anos. A parada deveria ter sido construída na avenida Angélica, mas dez anos atrás um movimento de moradores obrigou o Metrô a mudar o endereço, que agora está mais perto do estádio do Pacaembu e com uma saída do lado da fundação.

Estação Higienópolis – Mackenzie
Segunda conexão da Linha 6, agora com a Linha 4-Amarela, operada pela ViaQuatro. Apesar de ambas dividirem o mesmo nome, as duas estações ficarão distantes uma da outra. A ligação será feita por um longo túnel que já tem a saída prevista no mezanino da parada da Linha 4. Esta será, como se sabe, a estação de metrô mais profunda do Brasil, 69 metros abaixo da superfície. A construtora espanhola já começou a escavar no terreno principal, provavelmente para preparar a área onde será aberto o poço de acesso.

Estação 14 Bis
Aqui chegamos no trecho que ainda está no início da mobilização. A Acciona já chegou a limpar alguns terrenos da futura estação 14 Bis, mas o ponto crucial do projeto, a saída a escola de samba Vai-Vai da sua quadra na região, só foi resolvido dias atrás após aprovação da oferta da construtora de levantar uma nova sede para a agremiação.

Estação Bela Vista
Assim como 14 Bis, a estação Bela Vista atenderá não só moradores e trabalhadores das proximidades da avenida Brigadeiro Luis Antonio, como também o tradicional bairro do Bixiga. A parada terá quatro acessos, distribuídos pela avenida citada mas também na rua Rui Barbosa, 13 de Maio e Pedroso. De acordo com imagens recentes vistas pelo site, os imóveis envolvidos nas desapropriações e que ainda estavam em pé começaram a ser demolidos.
Estação São Joaquim
Parada final da Linha 6 (por enquanto), a estação São Joaquim também está na fase de limpeza de terrenos. Por ser a penúltima parada da tuneladora sul (há um poço a seguir onde ela será desmontada), a futura estação deve começar a ser construída até o final do ano. Nesse caso, é até mais importante que o Metrô leve à frente a reforma da estação homônima da Linha 1 a fim de prepará-la para a conexão com o ramal Laranja a partir de 2025.