Paradas desde setembro de 2016, as obras da Linha 6-Laranja estão na lista de metas que o governo Doria pretende retomar o mais breve possível. Apesar da intenção, a complexidade da situação da linha tem feito a Secretaria dos Transportes Metropolitanos avaliar medidas pouco comuns como a desapropriação da obra, como forma de acelerar o processo de retomada.
Segundo uma fonte ouvida no governo, as opções que estão na mesa do governador são variadas. Incluem até mesmo o cancelamento da caducidade caso a concessionária Move São Paulo consiga atrair novamente um interessado em tomar o lugar das sócias afetadas pela operação Lava Jato.
Até que o processo de caducidade passe a ser efetivado em agosto, seria possível revertê-lo, o que simplificaria a questão legal. Caso isso não ocorra, a gestão Doria terá de pensar em soluções que evitem desperdício do trabalho já realizado até agora.
Quando assumiu a linha, a Move São Paulo deixou de lado parte dos projetos iniciados pelo Metrô como o das estações que passaram a ter uma concepção mais simples e barata. A ideia é que esse trabalho seja aproveitado mas isso dependerá da forma como uma nova licitação será modelada. Dependendo de quem vencer ficará a cargo dessa empresa optar pelo caminho mais interessante.
Outro aspecto crucial na obra diz respeito aos ativos da construção, caso dos dois shields comprados pelo consórcio construtor Expresso Linha 6. O que poucos sabem é que a Move São Paulo, embora constituída por três grandes empreiteiras, preferiu “terceirizar” a construção da linha. É essa a empresa dona dos dois tatuzões, por isso não está claro se os dois equipamentos, hoje estocados num canteiro na Marginal Tietê, poderão ser utilizados de fato.
![](https://www.metrocptm.com.br/wp-content/uploads/2018/11/linha-6-tuneladora-norte-750x500.jpg)
Horizonte incerto
Se optar por seguir com a caducidade, o governo terá certamente longas disputas judiciais pelo caminho já que a Move São Paulo buscará o maior ressarcimento possível pelo período em que esteve à frente do projeto. Por essa razão, a caducidade pode ser uma solução prática para assumir o espólio da obra e relicitá-la o mais breve possível.
Caberá então ao governo decidir se mantém o formato de PPP (parceria público-privada) ou se a fatiará e a licitará por lotes. Nesse cenário, a compra de trens, instalação de sistemas e operação caberia à iniciativa privada, nos moldes do que foi feito com a Linha 4-Amarela.
Seja qual for o caminho a ser adotado pela gestão Doria é certo que o prazo de entrega da Linha 6-Laranja estará bem distante de hoje, possivelmente em meados da próxima década na hipótese mais otimista. Algo lamentável para uma obra vendida como solução para os seguidos atrasos e encarecimento das obras públicas no Brasil.
![Projeção da futura estação Vila Cardoso, da Linha 6](https://www.metrocptm.com.br/wp-content/uploads/2016/04/estacao-vila-cardoso-750x500.jpg)