Apesar de serem trens “recém-nascidos”, as composições da Série 8900 da ViaMobilidade já passaram por experiências e eventos dignos de trens veteranos. Uma das práticas recentemente adotadas é a união de unidades distintas.
Em outubro e novembro de 2024, dois trens estiveram envolvidos com falhas de energia durante a operação e acabaram danificados após incêndios. Embora as causas dos incidentes não estejam claras, ambos foram afastados do serviço.

Enquanto a garantia dos trens está em fase de acionamento e a Alstom inicia o reparo dos trens, a ViaMobilidade já se adiantou e realizou a “mesclagem” da frota de trens com menos de um ano de uso.
O canal Diego Metroferroviário registrou a união das composições A13 e A30 em circulação no pátio Presidente Altino.
Essa “mesclagem” geralmente não é executada com frequência. Ela já foi utilizada tanto pela CPTM e Metrô em casos onde houve, por exemplo, a colisão de trens. Na Linha 15, quatro trens de monotrilho viraram dois após choques.
Os carros em boas condições são unidos enquanto as partes danificadas aguardam reparos. Neste caso, ao invés de se reter duas composições, unifica-se as partes boas deixando apenas uma única composições para ser reparada.
A composição provisória é formada pelos carros A308-A307-A133-A134-A135-A136-A137-A138. Não se sabe qual será o nome da nova composição, mas a julgar pela quantidade de carros. o A13 prevalece nesta nova formação.
Atrasados e quebrados
A aquisição da nova frota de trens da Série 8900 enfrenta diversos problemas em termos de fornecimento. O mais claro é o grande atraso da fabricante que só conseguiu cumprir a encomenda de trens após 11 meses de atraso. A alegação da Alstom é que houve problemas na cadeia de suprimentos global.
A despeito de ter entregues os 36 trens, não é raro encontrar composições com estranhos comportamentos. Um deles é a operação com portas isoladas, algo mais comum em unidades antigas.

Há relatos e registros de outros problemas como como de proteção de faróis que caem, infiltração de água nas cabines e sancas que se abrem sozinhas, segundo relatos de profissionais e passageiros. Na semana passada, outro Série 8900 foi flagrado exalando grande quantidade de fumaça.
Uma das falhas mais preocupantes foi uma das composições trafegando de portas abertas. Tal ocorrência em tese nunca deveria ser possível pois burla mecanismos fundamentais de segurança do trem.

Por que há tantos problemas?
Tal tópico seria digno de um artigo à parte, mas cabe refletir algumas questões. Por que trens novos apresentam problemas como os citados acima? A fabricante não realizou um trabalho de qualidade, não houve tempo para sanar problemas iniciais ou a concessionária não tem feito a manutenção adequada?
Sem informações internas é difícil dizer o que ocorre na concessionária, que tem tido um início de contrato atribulado. A empresa, do grupo CCR, costuma colocar a culpa na CPTM por que ter assumido uma infraestrutura precária, mas ela teve tempo e condições para avaliar o que estava sendo oferecido pelo estado.
O afastamento de um trem da Série 8900 tem consequências variadas mas negativas para os passageiros. A falta de composições pode afetar a oferta do serviço em horários de pico e até a esperada extensão da Linha 9 até Varginha fica em dúvida, já que será necessário colocar mais trens em operação.
Quanto aos trens da Alstom, acende um alerta se as composições que estão sendo fabricadas para a Linha 6-Laranja poderão apresentar falhas semelhantes.
