Em 2018, Metrô bateu recorde de expansão de estações e quilômetros

Com 13 novas paradas e quase 16 km de trilhos, rede superou o ano de 1975. Números, no entanto, poderiam ter sido maiores
Plataforma da estação São Paulo-Morumbi: recorde de inaugurações em 2018

No dia 2 de janeiro, este site havia previsto que 2018 seria marcado pela maior expansão do Metrô em sua história e de fato isso acabou ocorrendo, porém, não sem que parte das obras acabasse não sendo concluída. Ainda assim, os números foram os melhores desde que a Linha Norte-Sul abriu seu primeiro trecho em 1974: 13 estações inauguradas e 15,9 km de trilhos acrescentados a uma rede que agora possui 96,4 km do que se convencionou-se chamar de “metrô” além de 270 km de linhas da CPTM (e que ganhou cerca de 12 km também com o ramal Jade).

A marca deste ano superou 1975 em número de estações (13 contra 12) e 1988 em extensão (15,9 km contra 10,4 km). Da mesma forma, a década atual já é a de maior expansão da história com 24 estações e 27,5 km acrescentados, batendo a década de 1970 (23 estações) e de 2000 (19,7 km).

No entanto, esses números poderiam ser melhores, é claro. Cinco estações prometidas para 2018 acabaram ficando para depois. Na Linha 5-Lilás, a estação Campo Belo, prevista para este mês, foi prorrogada para o primeiro trimestre – apenas o viaduto sobre ela foi aberto. Mas foram as quatro estações da Linha 15-Prata esperadas para este semestre que tiraram um pouco do brilho do ano. Tocadas pela construtora Azevedo & Travassos, elas foram interrompidas por falta de dinheiro da empresa. Agora, o Metrô fará uma nova licitação para concluí-las, possivelmente até o final de 2019. Se tivessem sido inauguradas teriam feito os números do “metrô” chegarem a 89 estações e a extensão passar da marca dos 100 km.

É também o segundo ano consecutivo em que a rede cresceu após um período de três anos sem nenhuma inauguração, causada pelo atraso geral de todas as frentes de trabalho. Aliás, esta década ficará marcada justamente por essa irregularidade que muitos atribuem a motivações eleitorais. Mas é fato que se esse ritmo fosse mantido (mesmo com tantos atrasos e problemas) desde 1974 São Paulo já teria 155 km de linhas de metrô e pelo menos 135 estações.

Apesar dos atrasos, recorde

Coleção de problemas

O problema reside sobretudo na falta de planejamento causada por fatores econômicos e eleitorais. Embora o Metrô sempre tenha procurado planejar a expansão das linhas com bastante antecedência e criado a pesquisa Origem e Destino para ajudar a decidir os rumos da mobilidade sobre trilhos, as gestões do governo do estado acabaram atropelando esse cronograma, passando projetos sem grande prioridade à frente ou deixando de investir em linhas por muito tempo. Foi o caso da década de 90 em que houve o maior lapso da expansão com seis anos sem nenhuma inauguração (veja gráfico no final do texto).

A falta de ajuda do governo federal também tem complicado essa expansão. A União se limita a fazer empréstimos para algumas obras, mas quase não há dinheiro a fundo perdido para São Paulo, ao contrário de outros entes federativos. De quebra, os casos de corrupção e conluio entre fornecedores se multiplicaram, demonstrando que as obras de infraestrutura sempre foram um “filé mignon” para desvios de recursos.

Para concluir o “desastre” nossa Justiça tem sido lenta em julgar esses casos e muitas vezes em vez de resolver os problemas acabam criando outros. Com isso, as obras de expansão, que já são naturalmente demoradas pelo seu impacto e complexidade, acabam se arrastando por muito tempo – vide a problemática Linha 17-Ouro.

O que esperar de 2019

Se este ano termina com um recorde não se pode dizer o mesmo de 2019. Com várias obras paradas ou em ritmo lento, o cenário será bem diferente e para pior. É possível contar apenas com a estação Campo Belo, completando a Linha 5-Lilás. Na Linha 4-Amarela, a estação Vila Sônia, prevista para 2020, ainda está bastante crua embora em bom ritmo de trabalhos. Já as quatro estações da Linha 15-Prata dependem do tempo necessário para que uma nova ordem de serviço seja emitida. Isso significa que a licitação não poderá atrasar sob risco de empurrar o prazo das obras para 2020. Ainda assim, Jardim Planalto, que está quase pronta, é praticamente certa para o ano que vem.

Se o próximo governador que assumirá em janeiro conseguir tirar do papel as linhas 6-Laranja, 2-Verde (extensão até Guarulhos) e 18-Bronze, quem sabem podemos ter um novo recorde, mas isso apenas na próxima década.

Veja também: Os problemas que o próximo governador de São Paulo terá de solucionar em mobilidade sobre trilhos

Ritmo aumentou na atual década, porém, era possível ser melhor ainda

 

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