Logo que estreou, o novo Expresso Aeroporto, da Linha 13-Jade, causou uma aglomeração nunca vista na estação da Luz, de onde parte a cada hora, com destino à estação Aeroporto Guarulhos e apenas uma parada intermediária em Guarulhos CECAP.
Sinal de que o novo serviço expresso, sem cobrança de tarifa mais alta e integrado à rede metroferroviária, foi uma decisão acertada da gestão Doria. Porém, logo se notou que o aperto na plataforma se deveu em parte ao fato de que o espaço para o trem é menor do que sua extensão, fazendo com que os usuários o acessem por menos vagões.
Após relatos de lotação na plataforma mostrados pelo site ViaTrolebus em janeiro, o secretário Alexandre Baldy (Transportes Metropolitanos) prometeu mudanças que “poderão permitir uma melhora significativa”, disse em suas redes sociais. Até o momento, no entanto,a CPTM não anunciou o que pretende fazer para melhorar isso, além da expansão da área de embarque, feita em dezembro.
Sobre ampliar o número de trens no serviço, Baldy argumentou que não existe demanda suficiente para isso. Trata-se de um paradoxo que existe desde a inauguração às pressas do ramal da CPTM, há quase três anos, o de que enquanto mostra sinais de interesse da população, a Linha 13 permanece limitada por questões técnicas e improvisações.

Prova disso é que em janeiro, segundo dados divulgados pela CPTM, apenas 218.477 passageiros utilizaram o ramal, uma queda de 9,4% em relação a dezembro, quando passaram por ela pouco mais de 241 mil usuários. Trata-se do movimento que a Linha 13-Jade deveria atingir em apenas dois dias de operação – seu projeto prevê uma média diária de 120 mil passageiros com intervalo de 8 minutos.
No entanto, a CPTM nunca chegou nem perto disso. Mesmo três anos após a linha ser aberta, persistem as restrições de operação causadas pelo sistema de sinalização ainda não concluído e mesmo problemas em trechos que obrigam os trens a circular em velocidade reduzida – sim, numa linha que acaba de ser construída.
A ironia é que hoje o ramal conta com sete trens da Série 2500 e que poderiam oferecer um intervalo menor, porém, esbarra-se justamente na improvisação já que a infraestrutura das vias após Engenheiro Goulart não comporta mais viagens sem prejudicar as linhas 12-Safira e 11-Coral.
Como a gestão anterior iniciou as obras da Linha 13 sem planejar uma possível ida até o centro de São Paulo (afinal, os planos originais eram outros), desde 2018 o ramal ‘empresta’ os trilhos de outras linhas para se tornar mais atrativo.

A solução para isso está justamente na modernização das vias para que seja possível colocar mais trens em circulação. No entanto, o contrato assinado pela CPTM para reduzir os intervalos na Linha 12 para apenas 3 minutos tem previsão de conclusão em 2024, segundo documento de transparência da empresa.
A distante data, entretanto, não corresponde com o prazo de entrega do serviço contratado junto à MPE Engenharia e Serviços por R$ 14,5 milhões. Assinada em agosto do ano passado, a obra deveria ficar pronta em 18 meses, ou por volta do primeiro trimestre do ano que vem.
O site enviou um e-mail para a assessoria de imprensa da CPTM em 8 de janeiro, questionando o motivo do conflito de datas, mas não teve qualquer resposta 46 dias depois.

Informação não disponível
Por falar em falta de transparência, o site tentou obter dados do movimento de passageiros que embarcam na estação da Luz por meio de SIC (Serviço de Informação ao Cidadão), porém, mais uma vez esbarrou em respostas inócuas.
Segundo texto enviado pela companhia na semana passada, “o novo serviço do Expresso Aeroporto entrou em operação em 1º de dezembro de 2020 e que, neste novo molde, a entrada dos passageiros está contabilizada no movimento total das estações atendidas, não havendo segregação na contagem conforme o tipo de serviço utilizado”.
Ou seja, a CPTM ou não quer compartilhar esse dado ou não tem controle sobre os acessos ao Expresso. O site entrou com recurso no SIC e atualizará o texto caso tenha uma resposta plausível.
Agradecemos ao site Metrópoles e Transporte pela colaboração.