Metrô tem desafio de destravar 17 km de extensões congeladas de suas linhas

Trechos entre Penha e Guarulhos da Linha 2-Verde, Jacu Pêssego-Cidade Tiradentes da Linha 15 e Jardim Aeroporto-Jabaquara da Linha 17 irão adicionar 14 estações à rede mas encontram-se em estágios diferentes de paralisação
Os trechos que precisam ser retomados pelo Metrô (CMSP)

Como mostramos na semana passada, o Metrô de São Paulo estuda três novas linhas e duas extensões que prometem adicionar cerca de 79 km à rede de trilhos da Grande São Paulo. Mas antes de viabilizar esses projetos ainda precoces, a companhia tem um desafio importante que é destravar 17 km de trechos que estão hoje congelados.

São eles a extensão Penha-Guarulhos da Linha 2-Verde, Jacu Pêssego-Cidade Tiradentes da Linha 15 e Jardim Aeroporto-Jabaquara da Linha 17. As três fases estão suspensas por motivos variados e em estágios diferentes, mas em comum esbarram no problema de sempre, a falta de recursos financeiros.

Mas, ao contrário de projetos como a Linha 19-Celeste, ainda em fase de levantamentos, os trechos congelados já atingiram patamares que facilitariam uma retomada como terrenos desapropriados, projetos mais avançados e até mesmo contratos de alguns serviços assinados.

Projeto da estação Dutra da Linha 2-Verde (Tetra)

Veja a seguir um panoram sobre eles:

Linha 2-Verde: Penha-Dutra

Com 6 km de extensão, a fase da expansão da Linha 2-Verde até Guarulhos envolve marcos importantes como as ligações com as linhas 12-Safira e 13-Jade na estação Tiquatira e com a futura Linha 19 em Dutra. Além disso, essa etapa prevê a construção do maior pátio de manutenção do ramal, o Paulo Freire, perto da divisa com o munícipio guarulhense.

Em 2019, o governo Doria chegou a afirmar que a liberação da construção do trecho ocorreria num prazo breve, mas logo ficou claro que não existem verbas para essa fase. Além disso, internamente o Metrô trata a chegada à Guarulhos como um problema a ser evitado até que a Linha 19-Celeste saia do papel.

Não por acaso, o relatório da companhia coloca a chegada na futura estação Dutra como prevista apenas para 2034 enquanto o ramal celeste é cogitado em 2029. O trecho já teve os lotes contratados mas que estão suspensos até 2023, de acordo com aditivos assinados recentemente.

Trecho Penha-Dutra da Linha 2

O próprio relatório aponta possíveis dificuldades em retomar o projeto como necessidade de desapropriações complementares na estação Tiquatira, mas sobretudo pelo fato de que o trecho Paulo Freire-Dutra ter o decreto de utilidade pública cancelado em 2016. Será preciso remobilizar todos esses processos a fim de que os imóveis sejam desocupados para as obras.

O custo do projeto é estimado em R$ 4,7 bilhões e prevê a construção de cinco estações e um pátio além da aquisição de mais 13 trens. Quando estiver concluída, a Linha 2 poderá transportar quase 1,5 milhão de passageiros por dia, transformando-se no maior ramal metroviário do país.

Linha 15-Prata: Jacu Pêssego-Hospital Cidade Tiradentes

O trecho final do monotrilho da Linha 15-Prata é talvez o menos complexo de ser implantado quando houver condições para isso. São apenas quatro estações que já possuem projetos e contratos de boa parte dos serviços.

O grande impeditivo para levar o ramal até Hospital Cidade Tiradentes é mesmo requalificar e alargar as vias a partir do pátio Ragueb Chohfi, que já está incluído numa licitação em curso atualmente.

Assim como em trechos anteriores, o monotrilho precisa de um canteiro central para fixação de seus pilares e corpo principal das estações, além de desapropriações em terrenos laterais para os acessos. Esse planejamento, no entanto, depende da prefeitura de São Paulo, embora os custos do projeto sejam do próprio Metrô.

Trecho entre Jacu Pêssego e Hospital Cidade Tiradentes ainda está pendente

Em declarações tempos atrás, o governo Doria insinuou que viabilizaria toda a Linha 15 até 2022, mas não se sabe se haverá tempo para providenciar a licitação desse trecho final nos cerca de 19 meses restantes da atual gestão.

A adição de 6,7 km de extensão operacional fará com que a Linha 15 transporte diariamente em todo trajeto quase 600 mil pessoas e para isso precisará de mais oito trens.

Linha 17-Ouro: Jardim Aeroporto-Jabaquara

O Metrô tem se esforçado para concluir o trecho 1, considerado por ele prioritário após quase 10 anos de obras. Essa primeira fase, que ligará a estação Morumbi na Marginal Pinheiros ao Aeroporto de Congonhas, não pode ser tomada como referência para o projeto, que é muito maior e capaz de transportar ao menos 350 mil passageiros por dia quando os trechos 1 e 3 estiverem funcionando

Mas chegar a esse ponto, diante de tantos infortúnios, é algo ainda difícil de crer. Apesar disso, a companhia já se movimenta para tirar do papel o chamado trecho 3, entre o Jardim Aeroporto e Jabaquara.

Com cinco estações e 4,4 km de extensão, a próxima fase levará o ramal de monotrilho até o Jabaquara, onde haverá conexão com a Linha 1-Azul. Seu custo é estimado em cerca de R$ 2,2 bilhões, incluindo a fabricação de mais 12 trens.

O Trecho 3 da Linha 17

Sua implantação, no entanto, depende da remoção de famílias que vivem em habitações rudimentares ao longo do trajeto e que precisam ser realocadas em conjuntos habitacionais. Além disso, será necessário revitalizar a área com um parque linear, processos que dependem da prefeitura da capital paulista.

Na estimativa do Metrô, esse trecho deverá ficar pronta apenas em 2033 ou dez anos após a provável inauguração da fase prioritária.

Espera-se, contudo, que essas previsões sejam pessimistas e que o governo consiga destravar as obras antes disso.

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  1. 10 anos para completar o trecho Congonhas – Jabaquara é sulreal. Não me parece lógico uma situação como esta, somados teriamos um trecho total de 12 KM feito em 20 anos. Pelo menos uma geração de paulistanos irá morrer e não terá condições de se beneficiar deste projeto. Este é o maior fracasso da administração tucana. Espero que Doria possa rever este prazos e dar uma prioridade maior a este projeto…

  2. O GESP poderia fazer a concessão da linha 2 e a concessionária seria responsável por desapropriar e construir as 5 estações e o pátio que faltam além de construir a estação Cerro Corá. Já a linha 15 poderiam fazer uma nova concessão que a concessionária seria responsável por implantar as estações restantes e a estação Ipiranga. Já a linha 17, provavelmente a Via Mobilidade vai estender a linha até Jabaquara e no outro sentido até São Paulo-Morumbi, já que a linha será inaugurada deficitária…

  3. As justificativas dos planejadores do Metrô CPTM, para o cancelamento da chegada da Linha 2-Verde até Guarulhos por volta de 2028 alegando uma sobrelotação não possuem fundamento, pois tem por base a análise equivocada que foi colocada na qual se está fazendo desta indevidamente de terminais das Linhas 5-Lilás, 15-Prata e indiretamente da Linha Integradora 710-Turquesa recentemente reunificada, com a construção desta Estação Integradora no Ipiranga e com a sua reunificação com a Linha 7-Rubi, com estas providencias não se justifica este cancelamento.
    Além do mais não estão levando em conta que expandindo a ociosa Linha 13-Jade até Guarulhos por ser de forma mais rápida e econômica se resolvera dois problemas simultaneamente, postergando a Linha 19-Celeste exequível somente após a década de trinta!
    Creio que após esta licitação e a prioridade de acordo com o planejamento do Metrô / CPTM, é a de estender ás Linha 5-Lilás que hoje faz terminação na Chácara Klabin, assim como também à Linha 15-Prata que hoje é terminal na Vila Prudente de forma concomitante para se evitar um colapso de superlotação, as tornando Terminal no Ipiranga da CPTM, a fim de descongestionar a Linha 2-Verde, a qual será uma das linhas mais concorridas de São Paulo quando sua extensão estiver concluída até Guarulhos, tratando-se de uma solução lógica até esta nova Estação Ipiranga na Linha Integradora 710 reunificada da CPTM antes que a Linha Prata chegue à região de Cidade Tiradentes, é a única que possui três linhas regulares, e atualmente e se encontra subutilizada a qual devera ser totalmente reformada inclusive com atenção especial a drenagem, e com acesso a plataforma da linha central que hoje não existe e ampliada em uma atitude sensata, e deveriam ser priorizadas antes de se iniciar quaisquer outras linhas do Metrô, pois sua alta demanda crescente reprimida será retomada pós pandemia, exige esta ação prioritária.

  4. Guarulhos precisa da extensão da linha 2. Isso vai aliviar o transito em direção à capital nos dias úteis. Quem sabe o próximo governador retome a obra

  5. No cenário atual, invés de prolongar a linha 2 ou implantar a linha 19 até Guarulhos, seria mais lógico direcionar esses recursos para prolongar a linha 13 nas duas pontas – uma em direção à Arujá (Em Elevado) e a outra em direção à Mooca (Em Subterrâneo) – fazendo integração com a linha 710.
    Assim ela teria um caminho mais rápido e direto ao aeroporto, sem ter os gargalos do compartilhamento das linhas 11 e 12.
    Isso traria mais demanda pra linha 13 sendo que sua expansão estaria mais dentro da realidade, já que uma parte já está em operação.

    Primeiro constrói uma linha de cada vez, concluam as que estão por completar e após isso que se comece novas implantações.

    NÃO PULAR ETAPAS!

    Um dos maiores erros do metrô foi tentar construir várias linhas ao mesmo tempo, conhecendo a histórica instabilidade política-econômica do nosso país.

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