Em vídeo, CPTM confirma inauguração da estação João Dias em 2021

Futura parada da Linha 9-Esmeralda, construída pela iniciativa privada, deve abrir no início do segundo semestre do ano que vem
Estação João Dias: entrega no início do segundo semestre de 2021 (CPTM)

O que era uma possibilidade agora é oficial: a CPTM planeja inaugurar a estação João Dias da Linha 9-Esmeralda no começo do segundo semestre de 2021, ou seja, em menos de 9 meses, aproximadamente. A parada, localizada entre as estações Santo Amaro e Granja Julieta, é bancada quase que totalmente pela iniciativa privada, no caso a empresa Brookfield Properties, que está doando R$ 60 milhões para sua implantação – apenas a parte de vias e alimentação será realizada pelo governo.

A confirmação de que o cronograma de obras adiantou foi feita nesta quarta-feira (25) pelo diretor de engenharia e obras da CPTM, Marcelo Machado, em vídeo postado no Instagram. “É uma obra que deverá estar pronta no início do segundo semestre de 2021”, afirmou. O executivo cita o fato de que a companhia de trens já está licitando o serviço de fornecimento de instalação da via permanente para acompanhar o ritmo veloz da construtora Telar, contratada pela Brookfield para construir a nova estação.

A possibilidade de abrir João Dias antes de 2022, o prazo original, já havia sido cogitada pelo próprio Machado meses atrás, mas o avanço dos trabalhos têm sido enorme, a despeito de ser um projeto mais simples que de outras estações. Nesta semana, por exemplo, o prédio de acesso já se encontrava no segundo piso e o poço do elevador também tomava forma. Ao lado dos trilhos também é possível ver a plataforma sendo concretada.

Com o fim da fase de construção bruta, virá a montagem das estruturas metálicas como a passarela e a cobertura das plataformas, além do acabamento geral. Resta saber se o pequeno escopo a cargo da CPTM conseguirá de fato cumprir sua meta e não atrasar a entrega.

 

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Burocracia estatal

A celeridade com que João Dias está saindo do papel impressiona. O site havia publicado um artigo recentemente comparando a estação com Varginha, outra obra que está prevista para 2022. Construída numa fórmula tradicional, com licitação pública e recursos advindos do estado e do governo federal, a obra anda a passos lentos, vítima da burocracia que afeta inúmeros empreendimentos em todo o país.

O que causa mais espanto é que boa parte desses atrasos envolve controles dos gastos públicos justamente para evitar desvios e mau uso dos recursos, mas nem por isso deixam de surgir escândalos de corrupção e indícios de superfaturamento ou conluio entre agentes públicos e empresas.

João Dias, ao contrário, concentra alguns aspectos raros numa obra metroferroviária, entre elas o fato de os terrenos usados não serem de terceiros (via pública e acesso na propriedade da Brookfield), recursos praticamente integrais da doadora e interesse dessa empresa em concluir o projeto o quanto antes a fim de valorizar seu empreendimento, as torres corporativas Sigma Towers.

Como ficará a futura estação João Dias (Divulgação)

Ou seja, quando o poder público oferece as condições adequadas para a iniciativa privada são raros os imprevistos que podem surgir. As famosas Parcerias Público-Privadas (PPP), que foram a esperança de obras rápidas, ao contrário, têm se mostrado complexas de implantar e mesmo operar por conta da sociedade com o governo (desapropriações e o pagamento de tarifas de remuneração pelo serviço pelo estado, entre outros).

Quem sabe no futuro as próximas gestões enxerguem uma linha não como um único e enorme ativo, de difícil implantação, e sim como uma miríade de oportunidades que poderiam ser oferecidas ao mercado com focos diferentes: estações para empresas que querem valorizar ou criar empreendimentos em conjunto (edifícios, universidades, shoppings), operação para companhias especializadas em transporte sobre trilhos e vias que poderiam ser bancadas por empresas de telecomunicações, energia e mesmo de transporte de encomendas que usufruiram dessa infraestrutura também, por exemplo. Em vez de desapropriações, fundos de investimento com a participação dos proprietários dos terrenos em questão, tornando o que hoje é um estorvo em uma futura oportunidade.

Para que isso funcione, no entanto, os burocratas precisam saber o seu lugar, o de criar oportunidades e não palpitar em tudo. A estação João Dias está aí para comprovar a tese. Para a Brookfield desembolsar R$ 60 milhões é porque o retorno trazido é muito maior do que isso.

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4 comments
  1. Estações Varginha e Mendes-Vila Natal construídas pelo governo;
    Estação Santo Amaro reformada pela ViaMobilidade;
    Estação João Dias construída pela Brookfield;
    Estação Vila Olímpia reformada por uma empresa ainda não revelada.
    Tá ficando fácil pra quem ganhar a concessão dessa linha.

  2. Resumo: empresa privada investe e faz as coisas, desde que tenha retorno nisso. Ela não gastaria um centavo sequer pra fazer estação na periferia, pois não vislumbraria retorno algum nisso. No entanto, depois de décadas, resolveu experimentar fazer uma estação em frente a um conjunto empresarial esperando retorno pra isso. Vamos ver se isso vai acontecer num cenário pós-pandemia, com o trabalho remoto se proliferando entre as empresas e devolvendo os caríssimos escritórios pros proprietários.

  3. Acrescentando: essa estação vai ser muito boa pra ir pro parque Burle Marx pela ponte Laguna. Esse parque tem um acesso bem chato por transporte público hoje em dia e não temos a menor previsão de quando (nem se) a estação Panamby da linha 17 vai ser inaugurada.

  4. na verdade, é mais ou menos. essa estação já foi oferecida ao estado há muito tempo, entao se for considerar o prazo desde que a brookfield se ofereceu para construir a estação, pode colocar na conta uns 5 anos ou mais para a estação sair do papel e ser entregue.
    o que precisa é mudar as leis e deixar o estado menos burocrata e mais ágil em seus negocios. uma empresa estatal deveria ter a mesma flexibilidade e autonomia que qualquer outra empresa tem, e digo que deveria até ter mais. “ah, mas isso abre brecha para corrupçao”. corrupçao já existe da forma como está e os tribunais, MP e controladoria estao aí para isso. e nisso eu vejo que nossos políticos não tem nenhuma vontade de mudar, visto q eles preferem a dificuldade do estado como justificativa para depois poder conceder ou terceirizar, e assim ganhar um por fora.

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